As trincheiras da vida escondem
um soldado que luta pela felicidade. A guerra parece ter chegado ao fim. Ele
conhecera tantos outros que passaram pelo campo e se foram decepcionados com a
vida, que frustrados não viram a vitória chegar. O alvo deste soldado é seu
coração humano e o combate é contra um enorme vazio e uma tristeza que
persistem em permanecer, ainda que as circunstâncias pareçam favoráveis.
O que este homem pode desejar
mais do que ser feliz? Está fora de casa, longe de sua própria identidade. Já
não sabe quem é ou o que poderá fazer. Com seu corpo cansado, queimado pelo sol,
lembra-se dos sonhos que ficaram no caminho. Bate no peito uma forte saudade de
si mesmo. Onde terá se perdido?
A recordação o leva até o momento
do alistamento, quando ele se ornamentou de sua própria capacidade e cheio de autoconfiança
saiu a pelejar. Seu coração enganoso não sabia as armadilhas em que iria
resvalar. Assim, ele planejou estratégias de guerra que rapidamente falharam e
o colocaram nas mãos do inimigo.
Este soldado não tem experiência
de guerreiro, é aprendiz insensato, não conhece o caminho. Ele acreditou que os
amores desta vida o fariam feliz e, por isso, depositou sua confiança nas
paixões, mas logo compreendeu que ninguém é capaz de preenche-lo. Ele, então,
buscou esvaziar-se com métodos que paralisassem sua consciência. A realidade,
porém, investiu em armas mais fortes como a ansiedade, o medo e o desânimo. Mas,
de todos os vales que enfrentou, o que mais lhe machucou foi a religiosidade; lá
ele foi gravemente atingido pelos dardos inflamados do maligno. A decepção o
tornou cético, já não consegue confiar nem em si, nem nas pessoas. Vê-se
sozinho na batalha e, por isso, resolve desistir.
Seu amor próprio está amputado.
Sua farda está suja de suor e lágrimas. Não há valor, não há medalhas. Ele
prepara-se para retornar de uma guerra pedida, quando ao longe avista uma cruz.
Um Homem de branco se aproxima, suas vestes são alvas como a neve, seu porte é
de homem de guerra e seu nome é SENHOR DOS EXÉRCITOS. Sabe-se que, sob seu
comando, não houve batalha perdida. Ele senta-se diante daquele soldado ferido
e escreve na areia... Ele vai ensiná-lo a ser mais que vencedor.
O soldado toca-lhe as mãos, mas
elas estão feridas. O guerreiro entrega-lhe um presente que o soldado abre com
a fome de um combatente e logo se surpreende ao ver que o conteúdo é a tão
sonhada felicidade. Tantos anos de lutas e perdas por esta conquista e ela é
entregue assim, de graça? O guerreiro, então, se levanta e simplesmente
desaparece diante dos olhos do soldado, que se sente incapaz de atribuir a si
mesmo a vitória. Ele não compreende o
que aconteceu, seu alvo foi alcançado e é isso que importa. Ele nunca mais
esquecerá aquela cruz e aquele encontro.
*imagem do google
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